Antes da Pandemia… A correria, a competição, a excelência, a capacidade. Recordamos a velocidade dos nossos dias, o pensamento e desabafo concordantes e partilhados com amigos e colegas, de que “não há tempo para nada”. Nem para nós, nem para ninguém! 
Talvez a máscara de Flash – personagem de velocidade infindável – nos caísse como uma luva!
Queríamos mais. Somar, acrescentar, estimular, pressionar. Agir para não pensar. Contraditoriamente, fugíamos e afastávamo-nos de nós próprios, do nosso interior, do que era realmente importante: as pessoas, os laços, os abraços que aconchegam.

Durante a Pandemia… A reflexão, a solidariedade, o essencial, a compaixão. Obrigados a parar, a perceber os limites (internos e externos), a valorizar os nossos recursos, a reconhecer o Outro, como aquele que marca a diferença, em momentos de maior aperto. 
Até Batman tinha Robin!
O ser humano adapta-se rapidamente, tem esta capacidade inata, conferindo a sensação de que “primeiro estranha-se e depois entranha-se”, sobretudo quando colocados à prova. A vontade de estarmos juntos foi ganhando dimensão, dando lugar a uma reativação interior, a uma esperança, de que “em breve voltar-nos-emos a ver”. 

No Desconfinamento… A confiança, a complementaridade, a inovação, a união. Ostentamos gloriosamente as nossas armas descartáveis (máscaras, viseiras, gel…), com orgulho, olhando os que connosco cruzam o olhar, confirmando internamente que “estamos todos a cumprir e vamos ganhar”. 
Criámos novos hábitos, novas formas de comunicação (sobretudo digital), novas armas contra o empobrecimento emocional e o aprisionamento do sentir. 
Um novo Super-Herói surgiu, reunindo todos os poderes, num único só. Temos a liberdade e a capacidade de transformar as dificuldades em possibilidades, as falhas em potencialidades, os erros em oportunidades.

Não somos de ferro, não somos de fogo, não somos invisíveis, não voamos… mas somos capazes de sonhar, de acreditar de que juntos poderemos ser invencíveis.

Samuel Branco

Psicólogo