Quinta dos Bacelos – Rondulha - Estrada do Casal da Coxa, 18 - Vila Franca de Xira
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Se considerarmos a “Escola Livre”, um espaço onde as crianças brincam, partilham, exploram, constroem, mas também choram, batem, manipulam e destroem, então o nosso título é no mínimo controverso, pois haverá opinião (espero eu) para dar e vender...! Bom, vamos refletir e, claro está, tornar as coisas bem mais quentes, intensas e saudavelmente enriquecedoras, pois assim foram as férias e assim será (deve ser) a escola. Convido-vos a mergulhar rapidamente pelas profundezas da vossa infância, da educação recebida através das figuras da vossa história e pelos “ensinamentos” dos mais velhos, pois é disso que se trata quando agora o “piolho” e a “pipoca” vão entrar nesta nova etapa e procuramos dentro de nós, a melhor forma de “aliviar” a nossa, quer dizer, a ansiedade deles. O início desta caminhada, à semelhança de outros momentos de mudança, fazem tremer o chão e, como tal, procuramos o melhor abrigo que temos, para poder passar ilesos neste “fim”, quer dizer, “início” de mundo.
Assim, as crianças (de forma saudável) procuram o seu “porto-de-abrigo” e os adultos procuram as formas mais criativas para diluir a sua angústia. Podia dar alguns exemplos (condições da escola, qual o professor, o material escolar, os/as colegas de turma, o transporte, as atividades), mas isso seria “levantar demasiado a ponta do véu” e gostaria que lessem (pelo menos) mais umas linhas. O que quero dizer é que, a angústia dos mais velhos em deixar de controlar todos os passos dos pequenos, o medo da criança não aprender, de ser rejeitada, de ter mau comportamento, etc., impede os pequenos de vivenciar os momentos de mudança como algo desafiante, divertido e enriquecedor. As crianças, por sua vez, ficam demasiadamente preocupados e ocupados com sentimentos de culpa, que até não lhes pertence. Por outras palavras, quando as crianças precisam da liberdade e motivação para brincar, aprender, partilhar, explorar e construir, têm as suas vozes internas a dizerem-lhes para não se distrair, não falar, não brincar, não levantar e terão que corresponder a todos os pedidos e expectativas que lhes serão subtilmente exigidas pelos “representantes do porto-de-abrigo”. De facto, não são mais do que ansiedades/medos a comandar, pois acredito que uma criança não é mais amada, quanto melhor for o seu rendimento escolar. Não foi (não devia ser) assim connosco, não o será com os nossos!
Obrigar uma criança a deixar de o ser, por aquilo a que chamamos sucesso escolar, não me parece, no mínimo, sensato! A Escola foi feita para se aprender coisas novas, a amar o mundo que nos rodeia e as pessoas que nela habitam. É um mundo saudavelmente desconhecido pelos pais, mas que merece toda a sua participação, pois são eles que melhor conhecem a criança em todos os seus mundos. Um espaço que potencia o espírito crítico, a recriação e a construção, não a cópia, a repetição e reprodução de pensamentos já mastigados. É um espaço que prolonga a caminhada da família, que a desafia e completa, não que a limita e impõe regras. Desejamos sobretudo crianças ávidas no questionamento do adquirido, que procurem a dúvida no aparentemente óbvio, que encontrem erros na maior verdade, que desafiem o maior dos medos, que façam batota à maior das certezas. Não certos de responder à máxima exigência de todos os desafios, a Escola e todos os intervenientes existem por uma única razão… Construir “Portos-de-Abrigo”!!
Bom Ano Letivo de 2019/2020. Divirtam-se… Samuel Branco Psicólogo Clínico da ABEI
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Convoca-se a Assembleia Geral de Sócios da ABEI para o dia 6 de dezembro, pelas 18h00, no Auditório da Quinta dos Bacelos.
Consulte a conovocatória, bem como a ordem de trabalhos, no documento em anexo.