Quinta dos Bacelos – Rondulha - Estrada do Casal da Coxa, 18 - Vila Franca de Xira
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Ao longo das últimas semanas, muito se tem falado sobre o novo surto proveniente da China, o que tem contribuído para uma crescente preocupação de todos nós, que vamos acompanhando a informação constante nos meios de comunicação social. Esta, muitas vezes, acaba até por se demonstrar contraditória, dificultando ainda mais o discernimento perante a situação. À semelhança de outros momentos de crise anteriores, o Coronavírus despoleta inúmeras reacções individuais, que vamos ouvindo por aí e que deixo alguns exemplos: “a mim nunca me irá apanhar”, “é melhor comprar o maior número possível de máscaras e desinfectantes”, “só espero que na escola do meu filho ninguém fique infetado”, “ai meu Deus, tive com um amigo que esteve em Espanha”, “é melhor trazer do Supermercado, a maior quantidade de comida”. De facto, isto de apelar à racionalidade em momentos críticos e de elevada ansiedade, vai “tocar” de forma única naquilo a que chamamos crenças, preconceitos e, acima de tudo, à nossa capacidade de gerir a angústia, o stresse, a resolução de conflitos e, no seu limite, como entendemos isto de todos os seres terem uma finitude. Bom, quando se trata de gerir todo este turbilhão de ideias e emoções e ainda ter que cuidar de alguém que depende destas nossas capacidades, fica ainda mais difícil assumir o controlo, quando o mais provável é perdê-lo a qualquer momento! Queria então partilhar com tod@s alguns pontos centrais, que considero importantes para “passarmos” o melhor possível – do ponto de vista psicológico – esta crise do Coronavírus, no sentido de configurar uma resposta adequada, àquilo que são as necessidades próprias e às dos que connosco contactam e dependem. Irei considerar sobretudo, as orientações disponibilizadas por entidades oficiais, nomeadamente a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a OPP (Ordem dos Psicólogos Portugueses), no que diz respeito, a como Ajudar as Crianças a Lidar com o Stresse Durante o Surto de COVID-19 e Como Lidar com uma Situação de Isolamento. Estou esperançoso que, assentes num espírito de confiança e interajuda, todas as pessoas continuem a acompanhar e a cumprir as recomendações das entidades competentes, contribuindo para um sentimento de controlo e clima psicológico saudável, reduzindo consideravelmente os efeitos negativos desta nova pandemia.
1- Existem várias formas das crianças se manifestarem em situação de stress (ex. birras, choro, agitação motora, mais colo, mais zangadas, xixi na cama, regredirem nas aprendizagens, etc.). Sugestão: seja mais compreensivo, dedique mais tempo a escutar as suas preocupações, dê-lhe mais apoio e carinho, maior contenção física (se valorizado pela criança). 2- Proporcione brincadeiras e atividades sugestivas/criativas. Fomente o amor e o carinho para com os mais pequenos, favorecendo diálogos tranquilos. Crie situações em que o relaxamento é a prioridade – opção não fazer nada, etc. 3- É fundamental manter as figuras de referência junto das crianças, evitando a sua separação dos cuidadores. Na eventualidade de não ser possível (hospitalização), garantir um contacto regular entre a criança e as suas referências, através dos meios de comunicação possíveis (ex. telemóvel). Tal irá devolver maior segurança e tranquilidade à criança. 4- Não sendo possível garantir parte da rotina habitual, favoreça a criação de novas, adaptadas (sobretudo) às características, necessidades e interesses das crianças. 5- De acordo com a idade e nível de compreensão, explique de forma simplificada o que se passou (factos), o que se passa e de que forma pode contribuir para reduzir o seu risco de infeção. 6- De forma tranquilizante, disponibilize informação sobre o que pode acontecer em caso da própria, de um familiar ou de uma figura de referência se sentir mal, ajudando a construir a ideia de que receber ajuda dos médicos, no hospital, durante um período de tempo, será a melhor maneira para se sentir melhor.
“O isolamento contribui para conter a propagação do vírus e os que se encontram nesta situação contribuem decisivamente para manter a sua segurança e a dos outros. Se está a experienciar uma situação de isolamento pode encontrar abaixo algumas das respostas habituais a esta experiência e recomendações que o/a podem ajudar a enfrentá-la.” Nota retirada do documento original da OPP
1- COMO CUIDAR DE SI PRÓPRIO? • Mantenha-se informado e compreenda o risco: quantidade de notícias e mediatização cria a ilusão de um perigo superior ao real. Escolha fontes seguras de informação e limite a sua exposição a notícias que possam aumentar a sua ansiedade; • Peça ajuda: recorra sempre que necessário aos mais próximos e não receie solicitar o seu apoio (medicamentos, bens essenciais, meios de comunicação). Não fará de si um ser inferior, pelo contrário! • Mantenha-se em contacto com os mais próximos: é uma das formas mais eficazes para reduzir a ansiedade. Comunique com regularidade, através de mensagens, videochamadas, redes sociais… • Realiza atividades do seu gosto e relaxe: ler um livro, ouvir música, séries, jogos, aproveite para realizar algumas atividades que habitualmente tem tendência em deixar para depois. • Dentro do possível, mantenha algumas atividades habituais (rotinas): coloque o despertador à sua hora normal, vista-se, realize refeições dentro dos seus horários predefinidos e, se considerar uma opção, porque não trabalhar a partir de casa ou realizar alguma tarefa algures perdida no tempo. • Realize exercício físico: dança, yoga, APP exercícios em casa… • Mantenha uma dieta equilibrada. • Mantenha-se confiante e esperançoso: falar com os mais próximos (amigos, família ou profissionais de saúde) sobre o que pensa e sente ajuda a diminuir a ansiedade. Confie em si, nas suas potencialidades e nas estratégias que resultaram consigo noutras situações difíceis no passado.
2- O QUE ESPERAR APÓS O ISOLAMENTO? • Após o isolamento pode sentir um misto de emoções – tristeza, raiva, alívio. E ter dificuldade em conectar-se com amigos e familiares, nomeadamente com aqueles que demonstraram maior receio de contacto. Partilhe informação sobre a doença e o risco para os outros, de modo a acalmá-los e facilitar esse relacionamento. • Se sentir stresse, nervosismo ou ansiedade extremas, dificuldades em dormir, comer, incapacidade em realizar as atividades ou desejo de consumir substâncias para lidar com a situação, ligue para SNS24 ou fale com um profissional de Saúde.
3- REAÇÕES POSSÍVEIS DURANTE O ISOLAMENTO. O QUE ESPERAR? • MEDO E ANSIEDADE: no que diz respeito à saúde do próprio e dos mais chegados, dos que connosco contactaram, aos sintomas físicos que vamos experienciando… • SOLIDÃO: sentirmo-nos “afastados do mundo”, dos que mais gostamos. • PREOCUPAÇÃO: por alguém ter ficado em isolamento por ter contactado connosco, por estarmos afastados do trabalho, de não poder realizar as nossas rotinas e vermo-nos privados de sair de casa. • FRUSTRAÇÃO E ABORRECIMENTO: por não podermos levar a “nossa vida” normal, pela falta de estímulos habituais da rotina. • ZANGA: pela própria condição de isolamento e pensar que, devido à negligência de outros, fomos expostos ao vírus. • ANGUSTIADOS: por não poder cuidar dos que de nós dependem ou que dependemos de alguém para ser cuidados. • TRISTEZA, MEDO E DESESPERANÇA: desejo de consumir substâncias, alterações alimentares e do sono. • INCERTEZA: sobre o que irá acontecer e o tempo de permanência em isolamento.
Samuel Branco, Psicólogo
Convoca-se a Assembleia Geral de Sócios da ABEI para o dia 6 de dezembro, pelas 18h00, no Auditório da Quinta dos Bacelos.
Consulte a conovocatória, bem como a ordem de trabalhos, no documento em anexo.